Começa tudo com o primeiro choro, a primeira de todas as experiências de vida. As primeiras vezes têm uma magia especial. Mas antes de tudo, por o acto primeiro ser o início de algo que se desconhece, há um receio latente. O risco e a incerteza.Saímos da sala de ensaios confiantes. Talvez nunca tenha sentido uma tão forte união entre nós, como se nos quiséssemos proteger uns nos outros. Este concerto foi importante. Não só por ser o primeiro, mas também por não sabermos que impacto teria o nosso som e a nossas palavras nos que iriam ouvir.
A subida do Delta fez-se sem hesitações. A viagem sem sobressaltos. Devo confessar que não me lembro de grande coisa, após me terem dado o derradeiro sinal para começar. Lembro-me dos erros que me interrompiam a letargia. Lembro de sombras que se moviam à minha frente, sem que dedicasse tempo a perceber a quem correspondiam as formas. O silêncio. Lembro-me do silêncio. Obrigado pelo silêncio.
As respostas depois do silêncio foram de surpresa. Curiosidade de saber como tinha sido a experiência à qual cheguei com atraso para assistir.
Foi o nosso primeiro concerto. Foi bom ter lá estado. Outros se seguirão, isso é certo. Não sabemos ainda nem onde, nem quando. Sei que, de certeza, vamos chegar todos atrasados para assistir ao nosso concerto. Mas espero que vá alguém para, no fim, me contar como foi.
.pd.
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